Percorrendo os Andes em Bicicleta - Diário de bordo do site www.qhapaqnan.net - Textos e fotos: Manuel Terra - (amplie as fotos clicando)

Tupiza - Villazon, 92km

Dia 18 de Agosto. Parti às 9:15h, depois de passar no hotel Mitru para tomar café da manhã e no Il Bambino para comprar umas empadas salteñas para a estrada. Comecei o dia muito focado no meu objetivo: pedalar cerca de 100 quilômetros. Os primeiros poucos foram de rolamento fácil, mas logo entrei numa área muito montanhosa a qual me tomou várias horas de esforço. Foram 50km de pedal para atravessar a cordilheira Chichas, muito seca e cheia de cactos. Após o km 50, o terreno muda e favorece um desempenho melhor, mais pampa e geografia típica do altiplano. Esta etapa foi a mais movimentada de veículos. Passaram por mim vários caminhões de carga me fazendo comer poeira, assim como alguns ônibus de passageiros. Esta estrada também é de melhores condições, apesar das costelas, da poeira e do cascalho, como sempre. Me organizei estrategicamente para fazer 4 lanches durante o caminho e poder contar com minhas pernas ate o final. As paradas foram mínimas e quase não fiz fotos pois queria chegar no meu destino na luz do dia. No km 67 vi a primeira placa de toda a viagem (que me lembre), indicando cidades em uma bifurcação: Tarija/Villazon. Este trecho foi igualmente o mais povoado e passei pelas comunidades de Iyumi, Toploca, Suycuchacra, Chuquiago, Sta. Rosa, San Silvestre, Charaja, Saladillo, Arenales, El Tambo e Mojo. Cheguei em Villazon cansado, às 6h da tarde e me hospedei no Hostal Plaza. Após a rotineira volta a vida, passando por chuveirada, roupa limpa e jantar, fui dar um passeio na Argentina. Villazon é colada com La Quiaca, passo fronteiriço, foi simplesmente atravessar a ponte e pronto, já estava na Argentina. Não tive nem que apresentar documento, pois estava somente indo tomar um refrigerante. Quando passar a fronteira com a bicicleta e entrar de fato na Argentina deixando para trás a Bolívia, terei que fazer uma burocracia mínima. Amanhã cedo sairei da Bolívia, um dos paises mais pobres do continente e de maioria indígena, depois de mais de 700km de caminhos de terra cheios de areia, cascalho e intermináveis "calaminas", para entrar em um dos países mais desenvolvidos, de forte colonização européia. Será um grande contraste. O primeiro é que imediatamente após passar a fronteira começa o asfalto, que continuará ate o final da minha viagem em Salta. Assim que passar a fronteira, devo comprar um mapa de estradas para planejar a minha rota com mais precisão e calcular minhas paradas para concluir no dia 26. Ou seja, ainda não tenho o destino de amanhã.

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