Percorrendo os Andes em Bicicleta - Diário de bordo do site www.qhapaqnan.net - Textos e fotos: Manuel Terra - (amplie as fotos clicando)

Acampamento Salinas Grandes. San Antonio de los Cobres,72km

24 de Agosto. Após desmontar o acampamento e tomar um breve café da manhã, voltei a estrada às 9:40h. O caminho era bastante plano, porém as costelas são quase insuportáveis. Em certos trechos a areia torna a tarefa de cruzar esse território em um ato heróico. Aos 9km, uma raposa cruzou o meu caminho. Ela atravessou a estrada e ficou me observando desde um ponto na altura da colina. Também parei e retribui o gesto. Continuei pedalando a beira das Salinas Grandes e ao redor do meio dia parei para almoçar a beira do caminho. Ali mesmo aproveitei para trocar o pneu traseiro pelo de reserva, mais grosso, tarefa que vinha adiando durante toda a manhã. A tração melhorou levemente e talvez o amortecimento, mas certamente continuei a me esforçar muito a cada pedalada.Havia tanta areia em certos trechos que as costelas que apareciam eram bem-vindas. Pelo menos me permitiam avançar sem patinar naquele solo. Ás 12:30h começou o vento forte e fatalmente o trinômio: areia, costelas e vento, o que fez desta etapa uma das mais duras. Com 50km pedalados encontrei o cruzamento da RP 38 que vinha de Susques, o que me aliviou um pouco pois era uma novidade no meu dia e indicativo da proximidade do meu destino. Além de confirmar de que estava no caminho certo. Depois de alguns quilômetros mais, enxerguei ao longe a cidade que me esperava, e aos poucos e muito cansado cheguei em San Antonio de los Cobres (3735m). Cheguei no começo da tarde depois de 72km pedalados, 7 horas em cima da bicicleta com uma media de 10,3 km/h. Após consultar preços em 2 pousadas fiquei na mais barata pois não encontrei nenhuma com banho quente no quarto e o conforto que pensei iria encontrar lá. De fato é a maior cidade da região, mas além de internet não encontrei a infraestrutura esperada para me recuperar dos dois dias de acampamento na Puna, o que me decepcionou um pouco. A simpatia do pousadero: Don Tapia, que logo ao chegar me ofereceu uma xícara de chá e biscoitos, entretanto, foi reconfortante. Depois de jantar um prato quente de comida, tendo passado 2 dias me alimentando somente de enlatados, usei a internet e fui dormir no meu quartinho com telhado de zinco naquela cidade mineira.

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